Um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas levou à prisão de 11 pessoas e apreensão de cerca de três toneladas de maconha na Favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (19). Segundo a Polícia Civil, as investigações, que tiveram início há seis meses, apontaram a utilização de pelo menos cinco empresas e "laranjas" no esquema. Os 30 mandados de prisão expedidos buscavam parentes e pessoas ligadas ao líder do tráfico de drogas na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que continua foragido.
Entre os presos, segundo o delegado Rafael Willis, da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (Polinter), está um assistente do principal braço direito de Nem na Favela da Rocinha. "Há também um taxista que, por transitar facilmente pela cidade, fazia uma 'ponte' entre favelas dominadas pela mesma facção, levando traficantes ou armamento", disse. Para não comprometer o restante da operação, o delegado não quis revelar quem eram os presos e a relação de cada um com o líder do tráfico. "Com tudo que foi apreendido, calculamos um prejuízo de cerca de R$ 3 milhões para a quadrilha, que com certeza saiu enfraquecida".
Dentro da comunidade, os 200 policiais descobriram duas centrais clandestinas de TV a cabo, um depósito de eletrodomésticos roubados e uma fábrica de mídias falsificadas. Esta última, segundo o delegado de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial, Alessandro Thiers, altamente organizada. "Mais de 1.700 CD's e DVD's piratas foram apreendidos no local, que contava com 36 gravadoras fazendo o trabalho e até câmeras de vigilância", disse.
A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, afirmou que esta operação se tratou de uma ação pontual e que não houve feridos nem prejuízos para a população da comunidade. Ela negou a possibilidade, levantada por moradores, de que a operação tenha vazado.
Segundo a polícia, vários dos chefes do tráfico que estavam no Complexo do Alemão se refugiaram na Rocinha depois que o conjunto de favelas foi ocupado no final do ano passado. A chefe da Polícia Civil descartou que a operação na Rocinha tenha como objetivo instalar Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) na favela. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse que a Rocinha está na lista de prioridades desta política, mas que a Polícia por enquanto carece de agentes capacitados para abrir um novo posto permanente nesta favela.
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